Os filhos nascem e nossa vida se volta todinha a eles: da hora que acordamos a hora que… (nem vamos dormir)

Comemos comida fria, colocamos nosso peito à disposição 100% do tempo, tomamos banho correndo, dormimos pouco. E ainda tem a lista de afazeres da casa para que ela continue funcionando no dia-a-dia.

Tem tanta coisa para pensar que esquecemos de nós mesmas. Mas não poderíamos nos esquecer.

Uma coisa que me incomoda demais é ver o quanto os pais não esquecem deles mesmos, como apesar de estarem lá, presentes, conseguem continuar com planos, autocuidado, vida social. (E aqui estou falando dos pais de verdade, que participam da criação dos filhos)

Teve uma época da minha vida que eu ficava irritava quando via meu marido vendo tv de boas, sem nem lembrar que tinha um filho ali, do lado brincando, ou quando ele saía (comigo mesmo) e conseguia não ligar pra casa pra ficar perguntando como estavam nossos filhos. Depois a irritação com ele passou e comecei a me irritar comigo mesma, que me via ali, boba por não conseguir me curtir um pouco. Boba mesmo! Por que acho que ele não estava errado. Eu é quem estava.

E aí eu, que já era uma pessoa que fazia mil coisas além de maternar, que fez curso, abriu uma empresa de fotografia quando a filha tinha apenas cinco meses, começou a gravar podcasts, saía para esfriar a cabeça, passeava de vez em quando, comecei também a querer me cobrar menos, esquecer um pouco das obrigações maternas e me curtir quando podia.

Existe uma cobrança forte da sociedade para nós, mulheres, nos anularmos e cuidarmos da casa e dos filhos. E essa cobrança está em nós desde que nascemos, ouvimos e vemos as mulheres da nossa família. É difícil esquecê-la, jogá-la fora. Mas podemos nos esforçar para pelo menos de vez em quando isso acontecer.

Para termos um respiro, um suspiro, um alívio nos nossos dias. Precisamos. E merecemos.

Foto: Monique Angelis