“Adorei nossa tarde juntas, mãe! Brigada!”, ela disse.

Não teve sorvete, parque de diversões, cinema. Não teve pizza, parquinho, shopping. Não teve nada demais. Mas teve muita coisa ao mesmo tempo.

Não foram muitas horas, nem uma tarde toda como ela sentiu. Foram duas horas. Duas horas para ir ao médico, tirar raio x do dedinho e acompanhar a fratura da semana passada.

Mas na volta dei aquela fugidinha antes de ir para casa: “Vamos tomar uma água de coco?”

Ela ficou tão animada com o convite (só nosso), que não parava de falar, sorrir, contar coisas e olhar tudo à sua volta.

Ria, brincava comigo, me abraçava.

Às vezes o filho só nos quer por uns minutos. E se, no dia-a-dia já corrido, ainda precisa dividir a atenção com um, dois ou três irmãos, a necessidade é ainda maior.

Ter alguns minutos ou poucas horas com eles assim, de “filho único”, dedicando nosso tempo apenas para enxergá-lo e nossos ouvidos apenas para ouvi-los, pode ser tudo o que precisam.

A felicidade durou mais de um dia. Ela até acordou mais leve no dia seguinte, brigando menos, menos irritada, com um comportamento muito mais tranquilo.

Quando percebo que apertou e a dificuldade na nossa relação aumentou, eu entendo que ela precisa de mais abraço.

“Eu também, minha filha. Também amei a nossa tarde. Muito obrigada pela sua companhia! Eu adooooro sua companhia. Te amo, viu?”, respondi.

E eternizei essa nossa tarde maravilhosa de apenas duas horas com médico e água de coco nessa foto mais que linda, enfeitada com a luz do Sol.