“Você é louca”, uns dizem.
“Como você consegue?”, outros perguntam.
É correria ter três filhos, demanda muito, é super cansativo. E eu digo isso tendo todo privilégio que tenho. Mas mesmo assim, acredite: tem dias que não sei como não endoido.
No último mês devo ter ido quase dez vezes no médico com eles: PS, dentista, pediatra, ortopedista, urologista. Quebra o dedo, faz raio x, xixi com sangue, leva no urologista, retorno naquela endócrino. Putz, dente tá doendo. Corre pra outro raio x, vai ter que colocar aparelho. E aquele refluxo que persiste? Precisamos voltar no pediatra. A alergia não cessou. Bóra ver o que fazer.
Somado a isso tem minhas coisas, da Thais mesmo, que eu nunca deixo pra trás (amém!). Soma-se ainda à escola que levo e busco (grazadeusa nesse ano estão na mesma escola!), trabalho, lista de livros que preciso ler (mas por hora só foram da livraria para minha prateleira).
Tento me organizar diariamente. Faço planos, escrevo, compro planners. Todas as tentativas fracassadas. “Semana que vem começo a ir para o escritório, me concentrar e trabalhar a tarde toda”, eu disse. Vamos ver se agora, após repetir essa frase por quase quatro anos, de fato eu irei.
Não… não é fácil ter filho (ou vários deles). Tem dias que acho que cansei de brincar de maternidade. E tem dias que questiono até onde aguentarei a tal maternidade respeitosa. Ela é linda, é necessária. Mas tem dias que eu preciso respirar 477 vezes para não dar um berro. E mesmo assim o berro sai.
E aí lá vou eu sentar no chão, chamar a cria, pedir desculpas, abraçar e passar o resto do dia com o peso na consciência achando que eu sou o verdadeiro fracasso.
É sobre isso. E às vezes não está tudo bem.
E tudo bem não estar tudo bem de vez em quando, não é mesmo?