Tenho estado cansada ultimamente, irritada com tudo. Minha paciência com as crianças está bem menor do que o normal. Tem dias que quero mais férias deles, mais tempo livre, pra mim.

E ao mesmo tempo, dias que olho pra eles e falo: que massa eles são! Que sortuda eu sou!

A alegria em vê-los e a vontade de brincar, estar com eles é real, é presente. Mas também têm se tornado presente minhas vontades de fuga, de viver mais minha vida sem ser no papel de mãe.

Quero dar o abraço e o beijo na porta da escola, mas quero dormir até mais tarde, quero ir pra academia, trabalhar e fazer minhas coisas sem ter hora para levá-los ou buscá-los.

Quero viajar sozinha, com os amigos, com o marido. Mas quero também estar com eles depois de um tempinho descansando. Quero curtir até tarde, não ter hora pra acordar, fazer meus planos de forma egoísta.

Tenho ficado irritada por não ter o meu tempo, mesmo sabendo que tenho muito mais que muitas mulheres. Tem dias que cansei de ser mãe. E dias que quero me aprofundar na maternidade comprando vários livros e cursos, estando presente.

Estou me equilibrando nessa corda, que de um lado é a maternidade e o outro meu lado mulher.

Sinto alívio quando percebo que estou saindo da fase de dedicação total à eles, que eles estão crescendo. Sinto o gostinho de novo de uma falsa liberdade.

Faço planos, planejamentos, tenho novos sonhos, ainda perdidos. Tento saber quem eu sou, o que quero, pra onde vou. Mas, mesmo mergulhando em vários rios do autoconhecimento, sinto que ainda não me encontrei de verdade.

E é louco como cada vez que nos conhecemos mais, descobrimos que nada sabemos de nós mesmos…

Enfim, essa é minha nova versão. Confusa, curiosa, com expectativas e dúvidas.

Mas essa é minha nova versão. Diferente da que será daqui um tempo. E eu amo essa metamorfose. 🦋